sexta-feira, 16 de outubro de 2015

A queixa de Jó

Jó 3.1-26

Finalmente Jó quebrou o silêncio e amaldiçoou o dia do seu nascimento. Jó disse:
“Maldito o dia em que nasci!
Maldita a noite em que disseram:
‘Já nasceu! É homem!’
Que aquele dia vire escuridão!
Que Deus, lá do alto, não se importe com ele,
e que nunca mais a luz o ilumine!
Que a escuridão e as trevas o dominem;
que as nuvens o cubram e apaguem a luz do sol!
Que aquela noite fique sempre escura
e que desapareça do calendário!
Que seja solitária e triste aquela noite,
e que nela não se escutem gritos de alegria!
Que seja amaldiçoada pelos feiticeiros,
aqueles que têm poder sobre o monstro Leviatã!
Que escureçam as estrelas da sua manhã;
que ela espere a luz, e a luz não venha;
e que a sua madrugada não chegue,
pois ela deixou que minha mãe me desse à luz
e não me poupou de todo este sofrimento!
Por que não nasci morto?
“Por que não nasci morto?
Por que não morri ao nascer?
Por que a minha mãe me segurou no colo?
Por que me deu o seio e me amamentou?
Se eu tivesse morrido naquele momento,
agora estaria dormindo,
descansando em paz.
Estaria com reis e altas autoridades
que reconstruíram palácios antigos
ou estaria com governadores
que encheram as suas casas de ouro e de prata.
Se a minha mãe tivesse tido um aborto, às escondidas,
eu não teria existido
e seria como as crianças que nunca viram a luz do dia.
Na sepultura acaba a agitação dos maus,
e ali repousam os que estão cansados.
Ali os prisioneiros descansam juntos
e já não ouvem mais os gritos do capataz.
Ali estão os importantes e os humildes,
e os escravos ficam livres dos seus donos.
Por que os infelizes continuam vivendo?
“Por que os infelizes continuam vendo a luz?
Por que deixar que vivam os que têm o coração amargurado?
Eles esperam a morte, e ela não vem,
embora a desejem mais do que riquezas.
Eles ficam muito alegres e felizes
quando por fim descem para a sepultura.
Deus os faz caminhar às cegas
e os cerca de todos os lados.
“Em vez de comer, eu choro,
e os meus gemidos se derramam como água.
Aquilo que eu temia foi o que aconteceu,
e o que mais me dava medo me atingiu.
Não tenho paz, nem descanso, nem sossego;
só tenho agitação.”

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